sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Política e existencialismo II: A era dos projetos

Hoje o Barack Obama ganhou o prêmio Nobel da paz. Até o Lula mandou um telegrama parabenizando o surpreso agraciado. Muitos elogios de diversos lados, exceto dos republicanos, que talvez acreditem que o "little Bush" (Buchinho, em português) o mereça.

Brincadeiras, elogios e críticas a parte, tudo nos leva a crer que estamos num mundo onde o simbólico é cada vez mais importante. Mais importante do que a própria realidade material das coisas. Eu me arrisco a dizer que isso é coisa do passado. É coisa de Baudrillard nos anos 1960. Não de um passado alheio à nossa realidade atual, mas um passado do qual somos consequência direta.

Do materialismo moderno ao niilismo nietzchiano nasce o simbólico pós-moderno, a hiperrealidade. Na dialética entre real e o simbólico, buscamos a síntese no futuro. Mas o futuro não é e nem será, pois quando for já será presente.

A síntese do real e do simbólico é o projeto, em direção ao futuro. Talvez um paradigma que só nos daremos conta na próxima síntese. Mas podemos observar já há algum tempo alguns exemplos:

O Lula sendo ovacionado internacionalmente pelo Fome Zero desde o seu primeiro dia de governo - um projeto, apenas (?) um projeto. O Brasil, a Índia, a China e a Rússia ganham poder internacional, porque são países-projeto e não por demonstrações de poder.

A política, no sentido de vida pública, sempre foi, nem mais nem menos, do que projetos. O FHC foi eleito porque o plano Real estava em prática; o Fernandinho I caiu porque suas realizações não foram boas, e não haveria projeto que o salvasse.

Talvez pudéssemos encontrar um paralelo no cristianismo onde a fé redime os pecados; na política, que o projeto redima as realizações. Mas não é assim. O projeto engaja realizações e é por isso que Barack ganhou o Nobel. Não é um prêmio, não é um voto de confiança, é um engajamento ao seu projeto.

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