segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Existencialismo e política 1: Nakagawa e política brasileira

Não são os políticos japoneses que, tal como o ex-ministro das finanças (Shoichi Nakagawa) fez no início deste mês, se suicidam. É a sociedade japonesa que os suicida, ao negar-lhes qualquer possibilidade futura de existência política.

Isso tira a liberdade do político? Anula o existencialismo pela raiz?

Por óbvio, não. há infinitos futuros positivos potenciais fora da política. Mas fora da política ele não quis. Realizou, pois, a sua liberdade e seu projeto, na negatividade total do mundo externo.

Assumiu com coragem e fidelidade o seu fim: quanto menos, foi virtuoso e expiou o erro cometido. Erro ao seu ver, uma moral que é fruto de sua liberdade.


Collor pensou em suicídio. Não sou telepata, ouvi numa entrevista sua. O congresso na época, a sociedade, a Veja e a Globo quase o suicidaram. Mas somos muito pacíficos, e Fernandinho é brasileiro, não desiste.

ACM deve ter tido banda de música no inferno, como quando o receberam na Bahia depois de renunciar à sua cadeira no Senado. Brasileiro como nós, brasileiro que não gosta de suicídios.

Mas calma: os nossos políticos não são japoneses. Aqui, há vida fora da política. Antônio Britto que o diga.

Nenhum comentário:

Postar um comentário